sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

"Being alone hurts..."

Então é assim que sabe a solidão. É estar rodeada de pessoas, num burburinho constante e estares só. É fechares-te no quarto escuro à espera que alguém te bata à porta, enquanto as lágrimas te escorrem pelo rosto. É ser maníaco por pequeníssimas coisas porque não há mais nada nem ninguém. É ergueres-te todas as manhãs na esperança remota e ridícula que alguém te vai dizer o quão importante és. É acordares pensando que morreste e foste parar ao paraíso.
É ver todos e não ver ninguém. É ter tudo e nada. É o vazio pleno dentro de ti. É ninguém querer saber. É triste, amarga, rancorosa e vingativa a solidão.
Apanha-te desprevenido. Aparece quando menos precisas dela. É um vulcão que te suga e queima toda a réstia do teu ser.
Queres gritar mas sabes que ninguém te vai ouvir. Para quê teres o trabalho de gritares, de te mexeres quando não está ninguém aqui? Para quê caíres se ninguém te vai amparar a queda?
A solidão é assim. Impede de te ergueres e lutar pois nunca valerá a pena. Nunca te irão aplaudir pelos teus feitos ou desfeitos.
Agora deitas-te na cama e rezas para que finalmente não acordes para a dura realidade que é estar só.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

(Re)Birth

Liberto-me suavemente das correntes que me amarram ao passado. Não sinto qualquer dificuldade em fazê-lo. O passado é algo que não me atormenta agora. Trivial, diria até, insignificante. É triste saber que nunca estive agarrada àquilo que me deveria fazer sentir no topo do mundo. É triste não sentir nada, simplesmente.
Descubro, pouco a pouco, a felicidade num presente irreal, imprevisível. Descubro como gosto de mim, como não sou culpada das minhas quedas. Descubro como estou bem.
Redescubro o meu corpo, o meu prazer, o meu fogo, a minha paixão.
Renasço novamente. Como uma Fénix. Sou novamente eu. Tenho garra, força, sorrio, faço sorrir. Consigo sonhar de novo. Já vejo o meu caminho definido, onde antes só via escuridão. Já consigo ver o próximo dia, desejo acordar, aliás preferia nem dormir para conseguir desfrutar da plenitude desta minha realidade!
Vivo finalmente! Vivo após a minha morte…

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma noite de loucura

É apenas puro prazer que sentimos. Não precisamos de pensar em nada ou sequer sentir seja o que for. Nada mais que desejo. É a única coisa que necessitamos para deitar-mo-nos numa cama fria, arrebatando-a com o calor dos nossos corpos unidos. "Estás molhada...e tão quente!" e sinto-o. Respiro ofegante enquanto gemes suavemente no meu ouvido. Estamos a tremer...de loucura! E possuis-me violentamente como se não estivesse ninguém a ouvir a nossa sintonia perfeita. Estamos só tu e eu. Corpo e mente...tu e eu somente. E mais nada. Vontade, desejo, ferocidade, paixão carnal...Os sabores misturam-se. Palavras sujas...arrepiantes. Misturam-se sentidos, suores, gritos. A nossa luxúria é doce. É provocante. É boa...E vamos repetir porque foi demasiado bom para ficar-mo-nos por apenas uma noite de loucura...

domingo, 6 de setembro de 2009

Au revoir!

Revejo páginas e páginas da minha curta existência, da minha curta história. Releio palavras, situações, sentimentos, amores, gostos, tudo aquilo que eu achava digno de preservar no papel, na eternidade. Disse coisas bonitas, disse coisas ocas, mas disse-as com a mais profunda sinceridade de poeta. Ao ler estas páginas deparo-me com um buraco negro crescente. Cresce velozmente. E eu estou lá dentro, no fundo da escuridão. À medida que me leio reparo que não utilizo mais aquelas palavras agradáveis, propícias a várias interpretações. Não. Agora somente espelho amarguras, angústias e dores. Que me aconteceu? Onde está aquela mulher poderosa, segura de si e irónica? Perdeu-se no longo caminho que já percorri. Agora penso duas vezes, analiso e calculo os meus sentimentos e as minhas acções. Não gosto mais de aventuras, não gosto de loucuras. Neste momento, sei que sou a pessoa mais infeliz que caminha na Terra. Visto-me de luto todos os dias, na esperança de voltar a ser invisível. Sinto-me uma carcaça sem valor. Não gosto de mim, e duvido que alguém goste. Caminho novamente sozinha, na escuridão. Voltei a olhar para o chão, no meio da multidão. E no meio desta amargura, sinto saudades. Saudades de mim. Saudades dos tempos em que sorria, saudades dos tempos em que me olhava ao espelho e gostava do que estava lá reflectido, saudades de ser a única no meio de tanta gente, saudades de ser desejada, saudades de ser feliz. E é com profunda mágoa que, assim, anuncio a minha morte. Estou morta. Não sinto nada. Já nem sinto adrenalina para voltar a erguer-me do chão. Morri. Desisto.
Au revoir!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

La dolce vita

Vivemos de pequenos momentos. Temos a nossa vida fragmentada em pessoas, em sentimentos, em partículas de tempo, em vivências. Nada do que vivemos é igual ou alguma vez se repetirá. O Hoje não é igual ao Amanhã nem ao Ontem. Isto reconforta-me. Sei que poderei lembrar aquilo que de mais bonito vivi; e sei que posso melhora-lo. Sei que nunca mais sofrerei da mesma forma ou com a mesma intensidade. Reconforta-me saber que o para sempre é relativo, que o amor é relativo e que até eu sou portadora desta virtude da relatividade. Não é bom saber que podemos mudar? Não é bom saber que não nos repetimos? Assim a vida será sempre uma surpresa. A monotonia não existe.
Existe apenas algo que não muda nem mudará: a vida são fragmentos. E nós? Somos obrigados a viver esses fragmentos.
Obrigada doce vida por estes fragmentos!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Apenas...imagina

Imagina uma noite. Uma só noite.

Estás deitado numa cama, com a almofada já encharcada de lágrimas.

Tens a estrondosa habilidade de chorar apenas, sem pensar.

Que estás a fazer?

Nada.

Não pensas, não ages, nada.

Estás ali em estado vegetativo só a chorar.

Imagina a pessoa que amas nessa noite.

Onde queres que ela esteja?

Ao teu lado?

Longe de ti porque agora apenas queres solidão?

Ou queres que essa pessoa esteja ao lado de outrem, animada?

Imagina que esse outrem acontece ser a pessoa antes de ti.

E imagina agora, e por último, que quem te deixou de rastos foi, involuntariamente, a pessoa que amas…

Imagina agora que a pessoa a chorar…

Sou eu.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Friends will be friends!

Há coisas que não conseguimos explicar. Coisas que acontecem quando menos esperamos. E há coisas que temos de agradecer ao destino por as ter posto no nosso caminho. Agradeço meu fado por ter me dado tal amizade! Anos e anos a termos de aguentar uma com a outra e ainda assim continuamos aqui. Em entrega e confiança completa dia após dia. Discussões, emoções, amores, desamores, outras amizades mas nós nunca nos perdemos. Pus-me a pensar nisto, num dia tão ordinário como qualquer outro, e sorri. Sorri porque te tenho minha tão querida amiga! Por isso estas poucas e singelas palavras: para te agradecer o estares aqui, no meu coração, a meu lado.

Obrigada amiga!



Dedicado àquela que me atura os traumas e as neuras,Ju.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

P.S...

Culpo este sentimento. Se não o tivesse já demasiado cravado no peito talvez não estivesse assim e talvez não te deixasse assim. A verdade é que isto já não depende de mim. Começo a concordar com aqueles que dizem que sinónimo de amor é dor. Dói pensar que posso perder-te e perder assim parte de mim. Não espero que compreendas ou sequer aceites isto por que estou a passar. Pois tudo isto é egoísmo meu. É querer-te toda e completa só para mim. Para que possa concretizar tudo com que sempre sonhei..."e é amar-te assim perdidamente..."É perder-me num sentimento demasiado forte que causa dor, ciúme e mágoa. És tão diferente do que eu esperava encontrar. És mais forte do que eu pois acreditas naquilo em que eu deixei de acreditar. Tens tanto de bom que me sinto insignificante ao pé de ti. Tenho tanto medo de não merecer tal grandiosidade! Por favor aceita, e acima de tudo, perdoa estes meus medos e inseguranças e não me deixes cair de novo...
P.S. Fizeste-me acreditar de novo...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sombra


Sou apenas uma sombra daquilo que era…e daquilo que gostava de ser…

Excruciante dor que me assola o peito e confunde-me os sentidos. É um punhal no centro do órgão vital humano que me faz chorar. Uma angústia que não tem fim mesmo que queira. Uma alma que quero preencher mas continua vazia. Sou eu agora. Acreditar? Sim quero. Consigo? Não.

Quase parecem palavras soltas as que escrevi. Mas não são. São apenas o espelho deste meu íntimo destroçado. Tudo faz sentido na minha cabeça e preciso deitar tudo cá para fora. Guardar será pior. Engraçado como me escorrem lágrimas pela face assim tão facilmente quando penso. Dói cada vez mais. Porquê que não pára de doer?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

(In)Certezas

Há uma parte de mim que anseia novamente pelo choro. Por vezes, acontece-me. É quando sinto o meu corpo sem vida, é quando sinto a alma desnuda, é quando estou oca por dentro. Nestas alturas o relógio pára, a cidade apaga e eu...não existo. Existe apenas pequenos fragmentos de mim a escorrem-me pela minha face.
Acontece também eu parar de chorar. O relógio está parado, a cidade continua apagada. Mas volto a mim, sinto-me de novo. Sinto o sangue a fervilhar-me nas veias, sinto vontade de gritar! Sinto vontade de sonhar, de construir objectivos, de fazer algo. Raramente o faço. Sou aquela mosquinha morta na secretária que se tem de limpar. Sou a pedra no sapato, sou a luz apagada, não sou nada.
Ciclo vicioso. Deparo-me com o nada e...volto a chorar. E é no meio deste ciclo vicioso que ouço um toque. É o meu telemóvel.
Tenho poucas, ou nenhumas!, certezas na vida. Não sei quem sou, não sei para onde vou, não sei quando vou, não sei porque choro ou porque páro de chorar. Mas é no embalo daquele som que descobro uma certeza na minha vida: eu estou incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonada por ela.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vaidade

Porque não é só nas minhas palavras que encontro a minha essência...
Sonho que sou a Poetisa eleita, 
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,

Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade

Para encher o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!

Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,

Aos pés de quem a Terra anda curvada!


E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,

Acordo do meu sonho... E não sou nada!...


Florbela Espanca

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Rascunho

Estranho mundo o nosso onde as palavras são ouro, interessam, significam. Irónico eu própria pensar assim. Eu que me refugio nas palavras para os desabafos da minha alma. Eu que eternizo momentos, sentimentos e frustrações em pedaços soltos de papel.
Realmente as palavras são ouro. Forma de fuga. Forma de prisão. Estranha forma de actuar.
Juntas formam poesias, prosas, canções.
Juntas derretem corações.
Juntas mentem sentimentos.
Juntas desenham o meu ser interior.
Juntas transmitem o que sinto.
Juntas iludem almas.
Juntas enganam-me também.
Oh sim! Estranho mundo o nosso que acredita em palavras!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fragmentos

É intenso este trago de tabaco que sinto na garganta. É forte, incomoda. Nunca antes tinha incomodado. Também nunca tinha fumado com tanta necessidade. Nunca antes tinha fumado a chorar. Esta minha vontade de chorar é também intensa. Não há mais palavras, nada mais sabemos que fazer. Eu, então, choro. Choro porque sei que te vou perder. Choro porque o coração está arranhado, profundamente magoado. Choro esperançada que estas lágrimas me afoguem, ou queimem, ou sequem o meu interior, ou me matem de qualquer outra maneira. Olho para o cigarro. Olho para a lua, para o céu, para os mortais que me rodeiam. Acho que ainda tenho a vã esperança de que alguém me mostrará o caminho para o sorriso...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O convite


Vamos deitar-nos numa praia e esquecer o mundo. Vamos ver o por do sol e fingir que no mundo só existe tu e eu. Vamos olhar uma para a outra horas e horas a fio, porque nos basta esse olhar para provarmos o nosso sentimento. Vamo-nos beijar apaixonadamente, porque gostamos de sentir os nossos lábios encostados. Vamo-nos abraçar, porque gostamos de sentir o calor de nossos corpos unidos…

Vamo-nos apenas amar intensamente, indefinidamente?


Porque gosto de ti...

sábado, 6 de junho de 2009

Segredos de um quarto


Talvez o meu maior erro seja encerrar-me no quarto e pensar. Mil desejos, angústias, tristezas, alegrias e memórias passam por esta minha mente distorcida. Não consigo formar frases para descrever o que, dentro destas quatro paredes, se passa; é então que choro incessantemente até que sinta a alma limpa.
Sou um ser corroído pela culpa e pelo pecado; sou um ser complicado, triste e inconstante; sou inconscientemente demasiado consciente. Sou verdadeiramente insensível lá fora e, enclausurada neste cubículo, torno-me vulnerável.
Choro tanto...e continuo com a alma carregada.
Sinto medo de mim agora...
Só quero chorar...
Continuo a chorar...
Não páro de chorar...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Efemeridades


"Onde estamos e onde pensamos estar nem sempre é a mesma coisa"

Caí em mim assim que entendi o quanto muda a vida em tão pouco tempo. Digo precisar de uma completa reviravolta no meu ser, na minha vida, nos meus hábitos quando um sábio me mostra que já o consegui fazer. Deixei para trás hábitos que me faziam mal, acabei com males que assombravam a minha alma, conheci novos seres, evoluí. Mudei de vida. E não me apercebi disso. É triste não ter entendido como tudo é tão efémero.
Serei feliz?
Quem sabe...!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Promiscuidades

É por entre esta nuvem de fumo que invade este quarto de hotel que me lembro o quanto me sinto só, aqui sem ti. Ainda ontem partilhávamos a mesma cama e, hoje, durmo deitada com uma mulher que não és tu. Beijo-a intensamente. Apodero-me do seu corpo, linear e perfeito. Inspiro o seu perfume adocicado. E não sinto nada. Possuo e sou possuída por um sentimento carnal voraz. E...nada. Só penso em ti meu anjo. Substituir-te é impossível. Tens um toque delicado e suave. Levas-me ao paraíso, quando as tuas mãos brincam no meu corpo, no meu sexo. Extasias-me com beijos longos e profundos. Delicias-me com as tuas palavas de conforto e carinho, com o teu olhar meigo e misterioso, com esse teu jeito tímido e querido. Sinto-me a sete palmos acima da terra.
Olho, de novo, para a cama. Não, não és tu. É uma mulher mas não és tu.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Be yourself...

"To be yourself in a world that is constantly trying to make you something else is the greatest accomplishment."

By Ralph Waldo Emerson



"Seres tu mesmo num mundo que está constantemente a tentar tornar-te em algo diferente é a maior concretização."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Morte (Parte I)

"Yeah you bleed just to know you're alive."
"Iris" by Goo Goo Dolls


Sangro para conseguir sentir que estou viva. Lambo este sangue para conseguir sentir que é meu, que está quente, que existe. Este elixir da morte não me é suficiente. Não consigo morrer. Não posso. Como morrer agora se já não sinto que vivo à tanto tempo?
Este antro de vida, onde estou, angustia-me. Todos me vêm, aqui sentada encostada a es
tas paredes frias, mas ninguém pára. Regojizam-se pois estão vivos e eu estou morta. Riu-me. Ninguém aqui está vivo. São almas mortas que vagueiam no meio do tudo e no meio do nada. São rostos solitários que não sabem qual o seu destino, que não sabem o que vão encontrar ou que vão perder.


Continua

domingo, 18 de janeiro de 2009

O reencontro

Parecia-nos evitável, desnecessário, impossível. Parecia remoto...e, ainda assim, aconteceu. O reencontro de antigas apaixonadas, antigas cúmplices, antigas amigas, eternas amantes. O olhar cruzou-se assim que sentimos a essência uma da outra. Um passado vivido em conjunto, sonhos partilhados, amarguras, desespero, amor e mais! Tudo passou na nossa mente nesse preciso momento. Não te escondas porque eu também não o farei. Sei que sentes o mesmo, aqui e agora, sentada à minha frente. Não me amas, nunca amaste. Não te amo nem sei se alguma vez amei. I don't know anything at all. Mas aquilo que o nosso corpo, o nosso sangue e a nossa carne querem, nós sabemos. Queres? Eu sei que sim. Quero? Infelizmente. Desejamo-nos. Não o dizemos, nem o vamos fazer. O mundo à nossa volta respira-nos, grita silenciosamente "Beijem-se!". E agora? Que fazemos?...